PenseLivre On Line

Como dizia apropriadamente Samuel Wainer: A PENA É LIVRE, MAS O PAPEL TEM DONO.
Os blogs permitem que, por algum momento, possamos ter a pena livre e, ao mesmo tempo, ter a propriedade do papel.
Neste blog torno públicas algumas reflexões pessoais, textos e publicações pinçadas da web e que me fizeram pensar e repensar melhor a realidade.
Este blog é uma pretenção cidadã e...nada mais!

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domingo, 21 de julho de 2013

Rebelião “branca” (nem tão branca assim!)

Ainda não tenho conhecimento de que alguma entidade médica tenha consultado a opinião da população de pelo menos um dos 705 municípios onde não há atendimento médico a respeito do programa Mais Médicos do governo federal. O texto que replico abaixo merece reflexão.
Dr. José Amorim de Andrade
Postado por Saul Leblon em 19-07-2013 no Carta Maior
Credite-se à elite brasileira façanhas anteriores dignas de figurar, como figuram, nos rankings da vergonha do nosso tempo.
A seleta inclui a resistência histórica à retificação de uma das piores estruturas de renda do planeta.
Ademais de levantes bélicos (32,62,64 etc) contra qualquer aroma de interferência num patrimônio de poder e riqueza acumulado por conhecidos métodos de apropriação.
O repertório robusto ganha agora um destaque talvez inexcedível em seu simbolismo maculoso.
A rebelião dos médicos contra o povo.
Sim, os médicos, aos quais o senso comum associa a imagem de um aliado na luta apela vida, hoje lutam nas ruas do Brasil.
Contra a adesão de profissionais ao programa ‘Mais Médicos', que busca mitigar o atendimento onde ele inexiste.
A iniciativa federal tem uma dimensão estrutural, outra emergencial.
A estrutural incorpora as unidades de ensino à política de saúde pública. Prevê um currículo estendido em dois anos de serviços remunerados no SUS.
Prevê, ademais, investimentos que dotem os alvos emergenciais de estruturas dignas de atendimento.
A ação transitória requisitará contingentes médicos, cerca de 10 mil inicialmente, para servir em 705 municípios onde o atendimento inexiste.
Ou naqueles aquém da já deficiente média nacional de 1,8 médico por mil habitantes ( na Inglaterra, pós Tatcher, diga-se, é de 2,7 por mil).
Enquadram-se neste caso outros 1.500 municípios.
O salário oferecido é de R$ 10 mil.
O programa recebeu cerca de 12 mil inscrições.
Mas o governo teme a fraude.
A sublevação branca incluiria táticas ardilosas: uma corrente de inscrições falsas estaria em operação para inibir o concurso de médicos estrangeiros, sobre os quais os nacionais tem precedência.
Consumada a barragem, desistências em massa implodiriam o plano do governo no último dia de inscrição.
Desferir o golpe de morte com a manchete do fracasso estrondoso caberia à mídia, com larga experiência no ramo da sabotagem antipopular e antinacional.
A engenharia molecular contra a população pobre constrange o Brasil.

Cintila no branco da mesquinhez a tradição de uma elite empenhada em se dissociar do que pede solidariedade para existir: nação, democracia, cidadania.
O boicote ao ‘Mais Médicos’ não é um ponto fora da curva.
Em dezembro de 2006, a coalizão demotucana vingou-se do povo que acabara de rejeita-la nas urnas.
Entre vivas de um júbilo sem pejo, derrubou-se a CPMF no Congresso.
Nas palavras de Lula (18/07):
"No começo do meu segundo mandato, eles tiraram a CPMF. Se somar o meu mandato mais dois anos e meio da Dilma, eles tiraram R$ 350 bilhões da saúde. Tínhamos lançado o programa Mais Saúde. Eles sabiam que tínhamos um programa poderoso e evitaram que fosse colocado em prática".
As ruas não viram a rebelião branca defender, então, o investimento em infraestrutura como requisito à boa prática médica, ao contrário de agora.
A CPMF era burlada na sua finalidade?
Sim, é verdade.
Por que não se ergueu a corporação em defesa do projeto do governo de blindar a arrecadação, carimbando o dinheiro com exclusividade para a saúde?
O cinismo conservador é useiro em evocar a defesa do interesse nacional e social enquanto procede à demolição virulenta de projetos e governos assim engajados.
Encara-se o privilégio de classe como o perímetro da Nação. Aquela que conta.
O resto é sertão.
A boca do sertão, hoje, é tudo o que não pertence ao circuito estritamente privado.
O sertão social pode começar na esquina, sendo tão agreste ao saguão do elevador, quanto Aragarças o foi para os irmãos Villas Boas, nos anos 40, rumo ao Roncador.
Sergio Buarque de Holanda anteviu, em 1936, as raízes de um Brasil insulado em elites indiferentes ao destino coletivo.
O engenho era um Estado paralelo ao mundo colonial.
O fastígio macabro fundou a indiferença da casa-grande aos estalos, gritos e lamentos oriundos da senzala ao lado, metros à vezes, da sala de jantar.
Por que os tataranetos se abalariam com a senzala das periferias conflagradas e a dos rincões inaudíveis?
Ninguém desfruta 388 anos de escravidão impunemente.
Os alicerces do engenho ficaram marmorizados no DNA cultural das nossas elites: nenhum compromisso com o mundo exterior, exceto a pilhagem e a predação; usos e abusos para consumo e enriquecimento.
A qualquer custo.
O Estado nascido nesse desvão tem duas possibilidades aos olhos das elites: servi-la como extensão de seus interesses ou encarnar o estorvo a ser abatido.
A seta do tempo não se quebrou, diz o levante branco contra o 'intervencionismo'.
O particularismo enxerga exorbitância em tudo o que requisita espírito público.
Mesmo quando está em questão a vida.
Se a organização humanitária ‘Médicos Sem Fronteiras' tentasse atuar no Brasil, em ‘realidades que não podem ser negligenciadas', como evoca o projeto que ganhou o Nobel da Paz, em 1999, possivelmente seria retalhada pela revolta dos bisturis.
Jalecos patrulham as fronteiras do engenho corporativo; dentro delas não cabem os pobres do Brasil.

domingo, 14 de julho de 2013

“Aqueles que nunca dormiram dão as boas-vindas aos que acordaram”

“«Ceux qui ne se sont jamais endormis accueillent ceux qui se réveillent»:

c’est avec ce slogan que le Mouvement des Sans Terre invitait hier les jeunes manifestants qui ont bouleversé le Brésil durant le mois de juin à amplifier la lutte.

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domingo, 7 de julho de 2013

"O mundo está em perigo com a nossa tirania", disse Stone.

É impressionante. A frase do título foi dita por Oliver Stone, cidadão americano, ganhador do Oscar por três vezes. Ele considera Edward Snowden um heroi na medida em que prestou um enorme serviço ao revelar o que todo cidadão americano deveria saber. E chama de “desgraça” as técnicas de espionagem no estilo Bush, usadas por B.Obama.  Transcrevo a matéria abaixo que também pode ser lida em: http://www.huffingtonpost.com/2013/07/04/oliver-stone-edward-snowden_n_3547003.html?ir=Politics
 

Oliver Stone Calls Edward Snowden A 'Hero,' President Obama's Tactics A 'Disgrace'

Politically outspoken director Oliver Stone called Edward Snowden a "hero" during a Fourth of July appearance at the Karlovy Vary International Film Festival. The Oscar winner also blasted President Barack Obama for his "George Bush-style eavesdropping techniques," calling the controversies a "disgrace."
"To me, Snowden is a hero, because he revealed secrets that we should all know, that the United States has repeatedly violated the Fourth Amendment." Stone said. "He should be welcomed, and offered asylum, but he has no place to hide because every country is intimidated by the United States. ... Everyone in the world is impacted by the United States' Big Brother attitude toward the world."
Stone attended the festival to screen episodes of "Oliver Stone’s Untold History of the United States," his 10-episode documentary series that depicts the country from World War II through the War on Terror. The event also screened "Scarface," which Stone wrote, and the "ultimate" cut of the director's critically panned 2004 epic "Alexander."
The director, also known for "Platoon" and "Born on the Fourth of July," warned those who attended his press conference -- mostly European journalists, according to The Wrap -- that "we need countries to say no to the United States."
"The world is in danger with our tyranny," Stone said.





sábado, 6 de julho de 2013

Du Parti des travailleurs au parti de Lula

Do Partido dos Trabalhadores ao Partido de Lula

A matéria abaixo, em francês, é um excelente resumo da trajetória do PT ao LULISMO. A fonte original do artigo é http://www.monde-diplomatique.fr/2013/07/ESTEVAM/49302

par Douglas Estevam, juillet 2013

Les manifestations qui ont rassemblé jusqu’à un million de personnes dans les grandes villes brésiliennes au mois de juin interrogent la stratégie politique du Parti des travailleurs (PT). Au pouvoir en coalition depuis 2003, celui-ci à cherché à accroître le niveau de vie de la population sans rogner les profits des entreprises ni bousculer les privilèges des puissants. Une politique de la conciliation sans mobilisation populaire (incarnée par le syndicaliste devenu président Luiz Inácio Lula da Silva) en rupture avec le projet initial du PT.

Une foule de presque cent mille ouvriers, réunie au stade de football du quartier de Vila Euclides, hurle : « Lula ! Lula ! Lula ! », le surnom de M. Luiz Inácio da Silva. Porté par cette marée humaine, passant de mains en mains, le dirigeant syndical, qui avait disparu depuis une intervention de la police au siège de son organisation, parvient jusqu’à la tribune, sans toucher le sol.

Nous sommes en 1979. L’année a commencé par une nouvelle vague de conflits syndicaux dans le principal centre industriel du pays, la région métropolitaine de São Paulo, connue sous le nom d’« ABC (1) ». Ces ouvriers, provenant pour la plupart du nord-est brésilien et arrivés dans la capitale économique du pays pour échapper à la faim, n’imaginaient sans doute pas que celui qu’ils voyaient se dresser devant eux allait devenir l’un des plus importants dirigeants politiques du Brésil.

Des années plus tard, « Lula » tirerait 30 millions de brésiliens d’une pauvreté qu’il avait lui-même connue. Il séduirait également le puissant secteur financier du pays, placerait le géant sud-américain sur une nouvelle trajectoire économique caracterisée par un nouveau développementisme (2) et orchestrerait un nouveau pacte politique dans le pays. Un ensemble de changements réalisés au nom du PT, mais auquel il lèguerait son nom : le « lulisme ».

La trajectoire de maturation politique du Parti des travailleurs (PT),« l’unique parti de masse de la planète créé après la Deuxième guerre mondiale (3) », s’avère inséparable de celle de Lula, l’un de ses fondateurs. Les deux mouvements s’influencent respectivement et dessine le cadre historique large qui permet de comprendre l’émergence du lulisme.

Au cours de la dictature (1964-1985), un puissant mouvement social émerge au milieu des années 1970, grâce notamment au soutien des secteurs progressistes de l’Eglise liés à la théologie de la libération, de groupes issus de la lutte armée et d’intellectuels renommés. Tous se retrouvent autour d’un « nouveau syndicalisme » en rupture avec le corporatisme traditionnel. En 1980, ensemble, ils forment le « parti de travailleurs » : un parti « sans patrons », tel qu’il se présente d’emblée. A l’époque, l’effervescence est telle que surgit également la Centrale unique des travailleurs (CUT), en 1983, et le Mouvement des travailleurs sans terre (MST), en 1984.

Pourtant, d’emblée, le rapport du PT avec les secteurs les plus défavorisés apparaît comme une difficulté. Elle marquera l’histoire du parti et ne sera véritablement surmontée qu’avec la réélection de Lula en 2006. Le PT vient à peine d’être quand, sur la place principale de São Bernardo, « Bigode », un syndicaliste qui collecte des fonds pour la grève, affirme au cameraman qui le filme : « notre mouvement n’est pas politique, il n’a rien de politique, c’est un mouvement pacifique, syndical, pour les salaires, seulement. Il n’a rien de politique (4) ». La prudence du syndicaliste, qui ne souhaite pas mélanger luttes syndicale et politique, répond à un sentiment profond au sein des classes populaires de la société brésilienne : la peur de la déstabilisation, du conflit et de la radicalité.

Pour beaucoup, ce sentiment serait à l’origine de la défaite de Lula aux présidentielles de 1989, le premier scrutin au suffrage universel organisé après la fin de la dictature, en 1985. A l’époque, Lula avait en effet perdu face au grand bourgeois Fernando Collor de Mello au sein de l’électorat à bas revenus. En revanche, la situation s’inversait au sein des autres classes sociales, et plus les revenus des électeurs étaient importants, plus ils avaient tendance à voter Lula (celui-là même qui, hirsute, promettait le socialisme). Le rejet de la radicalité associée au PT — et à Lula en particulier — jouera également un rôle important dans ses échecs aux élections présidentielles suivantes, de 1994 et 1998.

« La vérité, c’est que ceux qui nous ont fait perdre, au-delà des grands médias, ce sont ceux qui sont les moins éclairés et les plus défavorisés de la société (5) », explique Lula au lendemain de sa défaite, en 1989. Mais, promet-il, « mon combat n’a pas changé ». Le PT doit s’efforcer d’« atteindre ceux qui perçoivent les salaires les plus modestes ». Toutefois, à l’époque, le dirigeant demeure convaincu que « la véritable opposition [aux politiques de la droite] passe en dehors de la voie institutionnelle, ou du congrès (6) ».

Au sein du PT, cette vision de l’action politique commence à paraître obsolète à certains, y compris parmi les proches de Lula. Ces derniers gagnent en influence à la faveur d’une spécificité du PT : la reconnaissance des tendances internes. « L’Articulation des 113 » apparaît en 1983. Symboliquement dirigée par Lula, celle-ci va se construire en opposition à « l’élitisme » et à « l’avant-gardisme » des tendances de la gauche partisane (utilisant bien souvent le PT comme façade pour d’autres objectifs politiques). Ceux-ci ne manquent pas une occasion de reprocher au courant de Lula — déjà qualifié de « lulisme » — ce qu’ils décrivent comme un réformisme mollasson. Avec la chute du bloc soviétique, la remise en cause de l’orientation socialiste du parti s’intensifie en interne.

A mesure que le PT obtient des élus, les groupes liés à des mandats exécutifs et parlementaires gagnent en influence au sein de l’organisation. Ce phénomène, doublé du poids des syndicalistes disposant d’importants moyens financiers en dehors du parti, tend à déplacer les centres de décision vers l’extérieur de la structure. S’éloignant peu à peu des bases populaires, les élus gagnent en autonomie sans pour autant toujours réussir à répondre aux demandes des mouvements gravitant autour du PT, lesquels se montrent moins disposés à envisager l’action politique comme progressive, ou contradictoire. Inévitablement, des tensions et des conflits apparaissent.

Porté par l’Articulation, Lula change d’optique et les priorités du PT évoluent : non plus accumuler des forces sociales pour transformer le Brésil, mais conquérir des espaces institutionnels pour le changer progressivement de l’intérieur. Parti d’opposition de gauche, soutenu par les mouvements sociaux, l’organisation se transforme en parti d’opposition au sein de l’Etat, sur les bancs de l’Assemblée, dans un nombre de plus en plus important de mairies ainsi qu’au gouvernement de plusieurs Etats du pays. Avec l’élection de Lula en 2002, le PT devient finalement un parti de gouvernement. Cette bascule s’opère de façon d’autant plus aisée qu’elle débute dans le contexte idéologique de la « fin de l’Histoire » et de la contre-révolution néolibérale. « Le mur de Berlin est tombé sur le PT », conclut l’historien Lincoln Secco. Lula présente les choses autrement. Vingt ans après sa défaite de 1989, il observait : « Je pense que nous avons reçu un coup de pouce du bon Dieu. Nous ne devions pas remporter cette élection, nous étions trop radicaux. Si j’avais gagné, avec le discours que j’avais, je ne sais pas si j’aurais pu gouverner plus de sept ou huit mois (7). »

Au début des années 1990 les crises engendrées par les politiques néolibérales et les manifestations contre M. Collor de Mello renforcent les courants de gauche en interne : ils prennent les commandes du PT, à la faveur d’une division au sein de l’Articulation. Mais la mue du parti se poursuit néanmoins : en 1994, MM. Antonio Palocci (maire de Ribeirão Preto) membre de l’Articulation et Luiz Eduardo Cheida (maire de Londrina) vendent les entreprises de téléphonie de leurs villes respectives à des capitaux privés, faisant alors des privatisations avant même l’arrivée à la présidence de l’homme auxquelles elles sont associées au Brésil, M. Fernando Henrique Cardoso. M. Palocci deviendra ministre des finances de Lula de 2003 à 2006.

L’Articulation reprend les commandes du parti en 1995, après l’échec de Lula contre M. Fernando Henrique Cardoso (droite) aux présidentielles de 1994. Cette déconvenue renforce encore les tendances modérées, qui se rallient à l’Articulation pour former, un peu plus tard, le « Camp Majoritaire ». Présidé par M. José Dirceu, le PT opte alors pour l’union avec le centre gauche, notamment le Parti du mouvement démocratique brésilien (PMDB), avant d’élargir ses alliances à la droite. En 2002, le candidat à la vice-présidence aux côtés de Lula, est un homme d’affaires convaincu des vertus du libre-échange : José Alencar.

Autre facteur ayant contribué à l’évolution du PT, l’accroissement du poids des entreprises dans le financement des partis. En 1989, les adhésions des militants représentaient 30 % du budget du PT. En 2004, elles ne constituait plus que 1% de la trésorerie du parti. Les banques et les grandes entreprises ont été les plus importants contributeurs à la campagne de Lula en 2006.

Comme les recherches du politiste André Singer le montrent (8), Lula a su profiter du cycle d’expansion de l’économie mondiale entre 2003 et 2008, notamment du « boom » des matières premières, pour adopter des mesures de réduction de la pauvreté et renforcer le marché intérieur mais sans bousculer les intérêts des classes dominantes ou « rompre avec le capitalisme », ce que prescrivait pourtant le programme du PT…

Grâce à cette politique prudente, Lula est parvenu à modifier la façon dont il était perçu au sein des classes populaires et a renverser la structure politique traditionnelle. Ainsi, alors que sa victoire de 2006 pouvait sembler rééditer celle de 2002, Lula était alors porté au pouvoir par un électorat très différent : non plus les classes moyennes, secteurs qui avaient traditionnellement soutenu le PT, mais les plus pauvres, principaux bénéficiaires des politiques sociales du lulisme. Un « réalignement électoral » qui, selon Singer, conduirait les classes moyennes à se rapprocher de la droite du Parti de la sociale-démocratie brésilienne (PSDB). Choisissant d’ignorer ce second aspect, le PT concluait alors : « L’espérance a vaincu la peur. »

Mais la mobilisation électorale des classes populaires n’impliquera pas le renforcement de leur participation politique, au contraire. Alors que des leaders syndicaux parviennent aux commandes de fonds de pensions ou de ministères — aux côtés de chefs d’entreprises et de grands producteurs — une bureaucratie d’Etat promeut peu à peu la neutralisation des antagonismes de classe : autre élément caractéristique du « lulisme ». Face à ce mouvement, le parti se trouve privé de ses militants les plus aguerris et abandonne progressivement la stratégie de mobilisation populaire…

Le pays enregistre des progrès sociaux indéniables. Mais l’importante réduction de la pauvreté (9) ne s’accompagne que d’une « lente chute de l’inégalité », conduisant Singer à définir le lulisme comme un« réformisme faible », qu’il décrit même comme « conservateur », dans la mesure où il ne s’aventure pas à menacer les intérêts des puissants. En 2012, le Brésil était encore l’un des pires pays d’Amérique Latine en termes de distribution de revenus. 40 % du budget fédéral se voyait accaparé par la dette – majoritairement interne et détenue par les familles fortunées du pays – contre environ 4 % pour la santé, 3 % pour l’éducation et 0,70 % (10) pour les transports, tous trois parmi les préoccupations principales des manifestants de juin 2013…

Douglas Estevam

Journaliste, Brésil.